Remains

Jan Saudek, 'Pimp and Hooker'

What is it that breaks hearts?

Can't be love. No. Nor the lack of it. Nope. Not that.

It is you. 

You.

Mãos.

As tuas mãos, sempre, na minha cabeça, a afagar memórias. Mãos fortes mas sempre trémulas ao sentir-me. Paixão, suor, tanto mel. 

Nunca mais me tocas, me bebes, me comes de dentro para fora, e eu a deixar e a pedir-te mais e a sussurrar-te segredos tantos dias e tantas noites e entre os lençóis e combóios e praias e montanhas e castelos e torres e suspiros - oh! - suspiros!...

Quero fechar os olhos e poder ter-te de novo. Não ter-te a sério - porque senão me terias também e não posso - mas aqui, dentro, sem que ninguém saiba. Nem tu. Principalmente, não tu. Tu não me amas, só me queres. Não chega. Não chegou. Não vai chegar para ninguém...

Mas [hmmmm] as tuas mãos, os braços que me arrancavam do chão e da razão, os olhos que me pegavam fogo e o cabelo nas nossas bocas, o suor, os dedos como garras e os dentes cerrados, as línguas quentes e o teu corpo dentro do meu!... Como me agarravas e como me abraçavas e como ias de animal a água morna na minha pele...

O teu peito em que me perdia e que mordia e em que adormecia e em que enterrava a cara em êxtase, a afogar-me no teu desejo. O teu sorriso, cheio de mim nos olhos - ou cheio dos teus sonhos de mim, ou dos meus sonhos de ti? - e a tua boca, sempre tão quente, sempre a procurar-me, sempre em mim...

Hoje choro-te.

[mas só por um instante]

Hoje sinto-te a falta.

[mas not for long]